As casas de madeira erguidas no meio do cerrado para abrigar temporariamente os construtores de Brasília praticamente desapareceram.
No lugar, surgiram mansões de arquitetura moderna, sobradinhos, comércios e casas simples de alvenaria coladas umas nas outras, que disputam cada centímetro de chão. Pouco mais de 50 anos após as primeiras construções, a Vila Planalto em nada lembra o acampamento dos idos de 1960, de onde os trabalhadores, entre eles pedreiros e engenheiros, se recusaram a sair quando entregaram os primeiros prédios da capital.As imagens de satélite, feitas pelo sistema de georreferenciamento da Terracap, em 1965, 1977 e de 2013, escancaram a voracidade com que a Vila Planalto foi ocupada. A localização privilegiada — entre a Praça dos Três Poderes e os palácios da Alvorada e do Jaburu —, saltou aos olhos das classes média e alta. E boa parte dos pioneiros acabaram expulsos pela especulação imobiliária, que, de acordo com especialistas, volta a rondar a área com a iminente regularização fundiária.
Atualmente, morar na Vila Planalto é para poucos. Quem pretende alugar uma quitinete, por exemplo, pode ter que desembolsar R$ 1,8 mil. Pelo mesmo valor, o inquilino consegue um apartamento de dois quartos no Sudoeste Econômico. O metro quadrado de um lote na região custa entre R$ 1 mil e R$ 2 mil. Cada lote de 300 metros pode ser adquirido por valores que variam de R$ 300 mil a R$ 600 mil, isso sem escritura. Com a regularização, esse preço tende a dobrar, segundo especialistas do mercado habitacional. O atual morador que adquirir o título de propriedade terá em mãos, portanto, um negócio de ouro.